Morre José Alberto Mujica Cordano , ex-presidente do Uruguai, aos 89 anos

O Uruguai se despediu nesta terça-feira (13) de uma de suas figuras mais emblemáticas: José “Pepe” Mujica, ex-presidente da República e símbolo da esquerda latino-americana, morreu aos 89 anos. A morte foi confirmada pelo atual presidente uruguaio, Yamandú Orsi, que classificou Mujica como “presidente, ativista e líder” e lamentou profundamente a perda.
“Sentiremos muita falta de você, querido velho. Obrigado por tudo o que você nos deu e pelo seu profundo amor pelo seu povo”, escreveu Orsi em uma rede social.
Mujica lutava contra um câncer no esôfago em estágio avançado, revelado em abril de 2024. Na ocasião, o ex-presidente informou que seu estômago estava “muito comprometido” e que sua saúde era ainda mais frágil por conta de uma doença imunológica crônica que afetava seus rins há mais de duas décadas.
Nascido em Montevidéu, em 20 de maio de 1935, Mujica teve uma trajetória marcada pela militância, a luta armada e, mais tarde, pela defesa da democracia. Nos anos 1960, ingressou no Movimento de Libertação Nacional – Tupamaros, um grupo guerrilheiro que, antes do golpe militar de 1973, ficou conhecido por assaltos a bancos e ações de redistribuição de renda.
Durante sua atuação clandestina, Mujica foi baleado quatro vezes e preso em várias ocasiões. Após duas fugas da prisão, foi capturado definitivamente em 1972 e passou 14 anos encarcerado, parte deles em condições extremamente precárias durante a ditadura.
Libertado com a redemocratização, Pepe Mujica se reinventou como político institucional. Foi deputado, senador, ministro da Agricultura e, em 2010, eleito presidente do Uruguai. Seu governo ficou conhecido por políticas progressistas e por um estilo de vida austero — recusando luxos, doando grande parte de seu salário e vivendo em uma chácara modesta nos arredores da capital.
Sua figura carismática e discurso franco lhe renderam admiradores em todo o mundo. Mujica se tornou símbolo de uma liderança política alternativa, centrada na simplicidade, na ética e na defesa dos mais pobres.
Com sua morte, o Uruguai perde não apenas um ex-presidente, mas um ícone de sua história recente. O “presidente mais pobre do mundo”, como ficou conhecido internacionalmente, deixa um legado de coerência, resistência e profundo amor pelo seu povo.